quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Canção da Roça

Agora já não tinha mais
Sangue nos olhos
E era um homem como os seus
Feito em seus sonhos

Em cada tia no tear
Ou na cozinha
A vida alheia no jantar
E em suas linhas

Agora já não era o caos
Que se assumia
Em troca de todo o dinheiro
Que nunca teria

Em cada tio no violão
Ou na varanda
Em cada primo pé no chão
Pelas cirandas

Agora achava que era livre
E que podia morrer
Então a qualquer custo partiria
Ver o sol nascer

No ribeirão... Entre as folhas do verão.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Tudo aquilo que poderia
Cedo ou tarde vir a calhar
É agora obsoleto e atrasado.

E eles continuam mirando
Os ideais vazios de três gerações atrás.

Pelejando contra o auto-flagelo
São patéticos estereótipos da liberdade

Cada vez mais me convencem
De que não almejar salvar o mundo
É na verdade uma dádiva
De quem quer por ele ser salvo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O relógio despertador
Desperta o homem
Que logo cedo, acorda o dia.

O relógio desperta a dor.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Um tiro no escuro
Fumegando incerteza
Reza um blues assassinado

Afasta esse Cálice, pai

Eu quis as cordas de aço
E tenho calos, desgosto
E por eles, certo gosto.

Afasta esse sonho, pai.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Revolução vermelha

Cuba-libre
A majestade bebe
A aspirante arrota
E o povo vomita
Febril.
Quando nos é imposto o real
É imposto, é real.
É sifrão, é banal.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Po[lvora]esia

A palavra que acende o pavio
Em questão de segundos
Põe termo ao fio.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Capela

Enrustindo na jaqueta
Uma garrafa na metade
Apareça as vinte horas
Naquela mesma cidade

A mesma velha esquina
sempre mal iluminada
Ponto médio entre os extremos
A minha e a sua morada

Cante, mas não acorde o dia
Deixe que dure a madrugada
É que só quem sabe das noites
Não almeja a alvorada.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Navalhalma de outubro

O Remoer incessante
Incendeia, rema avante
Logo no outubro escaldante
Escandaliza no lábio cortante.

Desperta, pseudônimo dormente
Domando a psiqué demente
Ata as ávidas mãos, sono quente
Sonha práticas nunca tidas decentes.

De recortes ultrajantes
Ultrapassa recordar instantes
Cava o resto do rosto de amante
Fundo às embarcações junto a Dante.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Em um domingo quente
Na janela do banheiro
Subia calmo um mosquito.

Quando subitamente surge
Da sombra de uma escura fenda
Medonho olhar aracnídeo.

Salta e abocanha
Ferrões dentro de entranhas
Jantar da família Aranha

Em detrimento do luto, e das dores alheias
O que agora se vê nas teias
São dezenas de barrigas cheias...


Boa mãe. Sono tranquilo.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Distanciar

És as vezes esta áurea insone

Que paira sobre minha noite.

Sonho: Hoje sim, é o fim!



O apocalipse da esperança,






E a gênese da saudade...




sexta-feira, 23 de abril de 2010

HAPPINESS

O
CÁLCULO
QUE RESOLVE
A
CONTRADIÇÃO
DO
SER
É
MILIMÉTRICO.

VELOCIDADE,
PESO
E
PROPULSÃO.

MAIS PLENO
EM
TODA
SUA
NÃO
FILOSOFIA,
SE ENCERRA.

ESTRONDO,

FUMAÇA

E CHÃO.

DEZOITO E POUCO

QUANDO FINDA A TARDE
É QUE SINTO O GOSTO DE VIVER
O SOL AVERMELHADO JÁ NÃO QUEIMA A PELE
A SIMPLES SENSAÇÃO DE MERA EXISTÊNCIA
PARASITAS SUGANDO O MUNDO
AS PESSOAS COM SEUS DEVERES CUMPRIDOS
E SUAS ALMAS CANSADAS.
NA CABEÇA, O CARDÁPIO DO JANTAR
E NA GARGANTA, A NAVALHA CEGA DO DIA DE AMANHÃ.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

As minhas raízes são as suas.
As ruínas da casa grande
As artes - Acordes, desenho ou escrita.
Olham-nos de fora : _ Gente estranha!
Somos nós, meu irmão.
Somos nós no nosso mundo de OZ.